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USP – Ribeirão Preto aposta em canabidiol, substância derivada da maconha, para o tratamento de epilepsia refratária

As síndromes de Dravet e de Lennox Gastaut estão entre as enfermidades cujos pacientes serão beneficiados pela ação terapêutica do canabidiol

Crédito: Shutterstock

 Por Bárbara Garcia

A Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, espera inaugurar o primeiro Centro de Pesquisas em Canabinóides do Brasil, ainda em 2017. O projeto, fruto uma de parceria com a indústria farmacêutica Prati Donaduzzi, é inédito no País e tem como objetivo desenvolver pesquisas que resultem em um medicamento à base de canabidiol — substância derivada da maconha.

O canabidiol é um dos mais de 80 canabinóides já identificados na planta, batizada cientificamente de Cannabis sativa. O potencial terapêutico da substância tem sido apontado pela comunidade científica como uma alternativa eficiente no tratamento de patologias que têm a epilepsia como manifestação principal, sobretudo os casos refratários.

A gênese do problema

A troca de informações entre os neurônios—células nervosas do cérebro—se dá por meio de impulsos elétricos. De acordo com Associação Brasileira de Neurologia, a crise de epilepsia ocorre quando esses sinais são transmitidos de forma irregular, caracterizando uma descarga elétrica excessiva. E o canabidiol atuaria justamente no controle dessa hiperatividade neuronal.

Segundo Antonio Waldo Zuardi, coordenador do centro e professor do departamento de neurociências e ciências do comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a epilepsia “é uma doença que se manifesta em crises e pode afetar o desenvolvimento neurológico das crianças”.

Cerca de 30% dos casos são de difícil controle medicamentoso, configurando a chamada epilepsia refratária, quando há recorrência dos episódios sem resposta satisfatória às medicações habituais. É com foco nessas situações específicas que o Centro deve inaugurar suas atividades. Para iniciar o experimento, com 120 crianças e adolescentes, os pesquisadores aguardam a liberação da Agência Nacional de Saúde (Anvisa).

Testes

“Em um primeiro momento, serão recrutados indivíduos atendidos nos ambulatórios de epilepsia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O intuito é confirmar o efeito terapêutico do canabidiol em crianças e adolescentes com epilepsia refratária, visando registrar a droga como medicamento para essa finalidade”, esclarece Zuardi.

“Entre as doenças que têm crises epilépticas como sintoma, algumas estão em fase avançada de pesquisa, que incluem testes iniciais com pacientes. É o caso das síndromes de Dravet e de Lennox Gastaut.”, completa.

Para o médico, a saúde pública deve ser impactada positivamente, à medida que se ampliar o acesso da população à substância. “Espera-se que o Centro possa fornecer evidências que permitam o registro do canabidiol como medicamento”, reforça.

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